Desabrigados moram em escola de lata em São Mateus
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011Você sabe como é morar dentro de uma lata? Dez famílias do Jardim Santo André, no bairro de São Mateus, na Zona Leste de SP, sabem. Há um mês eles residem na escola de lata municipal desativadaParque das Flores. Neste verão escaldante, não aguentam mais ficar no local e suplicam por uma nova moradia.
As famílias foram para o “lar” enlatado em 18 de janeiro, após uma chuva torrencial destruir os barracos de madeira onde viviam, situados ao longo de um córrego próximo da escola.
“Como o colégio estava vazio, eles não tiveram outra alternativa e ficaram na escola. Foi uma medida emergencial. O pessoal da Defesa Civil entregou colchões e cestas básicas, mas não houve outra ajuda até agora”, afirmou Marina Inácia Bernardo, integrante da Sociedade Amigos do Jardim Santo André.
No último domingo, o sol forte fez com que a cidade atingisse a temperatura máxima de 34º C, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). Dentro da escola, o ambiente mais parecia uma sauna. Crianças vestindo somente cuecas, calcinhas ou fraldas iam de um lado para o outro, irriquietas com tanto calor.
“À noite, as crianças não conseguem dormir. Além de ser muito quente, os pernilongos não dão sossego”, desabafou a dona de casa Lourdes Pereira Gomes, de 50 anos. No que antigamente era uma sala de aula, ela mora atualmente com a filha Nara Beatriz, de 20, e o neto Alexandre, de apenas 2 anos. Mais três pessoas, de outra família, também ocupam o mesmo ambiente.
“A gente pensou que ficaria aqui somente alguns dias. Precisamos que a Prefeitura nos coloque em outro lugar ou conceda um auxílio-moradia”, afirmou Beatriz, tentando acalmar o pequeno Alexandre no colo.
A lousa da ex-sala de aula se mistura aos móveis da família do pintor José Douglas Oliveira da Silva, de 21 anos. A mulher Ana Poliana Ferreira, de 19 anos, desdobra-se como pode para cuidar dos filhos Júlio, de 8 meses, e Ágatha, de 2 anos. “Já colocamos o colchão do lado de fora para poder dormir com as crianças. Este verão está muito forte. Queremos que alguém fique comovido com a situação e nos ajude. Não temos para onde ir”, contou o pintor.
O aposentado Severino Gaspar de Freitas Filho, de 63 anos, é uma espécie de zelador do abrigo. Ele fica de olho para que ninguém gaste água à toa. “Usamos a água do banheiro da escola. Ainda bem que ainda não foi cortada, senão seria um caos.”
Ofício /A líder comunitária Marina afirma que entregou um ofício para a Secretaria da Habitação no dia 2, relatando toda a situação e solicitando providências. “Pela falta de oferta de abrigos na região, achamos que a melhor solução seja a concessão do auxílio-moradia, no valor mínimo de R$ 300. Mas ainda não tivemos respostas”, afirmou Marina. A Secretaria da Habitação não se posicionou sobre o problema até o fechamento desta reportagem.
Fonte: Diário de S. Paulo
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